VIDA DIFÍCIL, A DO PESCADOR

Pescador sofre!

Pois é, minha Senhora, meu Senhor, querido leitor.

As pessoas vivem repetindo que pescador é folgado, sossegado, e eu, como Velho Pescador, quero explicar algumas coisas.

Espero que você, ao ler, procure entender, colocando-se no lugar dos pescadores, pobres sofridos, que se preocupam dia e noite com a pescaria, esforçam-se, sofrem com as intempéries, com os insetos, com a falta de conforto do rancho, e põem mãos à obra, para conquistar alguns peixes.

Você já viu quanto trabalho tem o pescador?

Fazer massas, catar minhocas, caçar insetos, preparar iscas, anzóis, chumbada, bóias. Suja as mãos, por vezes as queima durante o cozimento...
E as diversas vezes que fura o dedo com o anzol? Não conta?

Na beira do rio, ao entardecer, ele tem um trabalhão danado para fixar as linhas de espera. Após escurecer, ele não desiste. Insiste na captura das traíras, lobós, tucunarés...

Dorme tarde, acorda cediiiinho, antes do sol raiar, e lá está ele, esperança renascida, persistindo na lida.

Final da pescaria, recolher e limpar o barco, juntar as tralhas, limpar o acampamento...

Não raro, sem ter fisgado nenhum que valha a pena, volta para casa, tristonho, cansado, mas nunca desanimado.

Lá está ele de novo, já projetando a nova pescaria, que, agora sim, ele acredita, vai dar bom resultado, pegar um montão.

Começa tuuuuuudo de novo... Preparar massas, caçar insetos, catar minhocas, cortar as iscas, preparar os anzóis, a chumbada, bóias...

É, gente boa...

Pescador sofre!